Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, um dos episódios mais curiosos envolvendo a cidade de Caieiras foi a criação de um “dinheiro paulista” para financiar a Revolução. A produção dessas cédulas, sob ordens do então governador Pedro de Toledo, ficou a cargo da Companhia Melhoramentos, que transformou suas oficinas em uma verdadeira Casa da Moeda do Estado de São Paulo.
A necessidade de criar uma moeda própria surgiu logo nos primeiros dias do conflito. Com a Casa da Moeda oficial localizada no Rio de Janeiro e as reservas financeiras de São Paulo bloqueadas, foi decretada no dia 14 de julho de 1932 a Lei nº 5.585, autorizando a emissão de bônus especiais para suprir a falta de dinheiro em circulação no Estado.
Segundo o historiador e jornalista Hernâni Donato, autor do livro A Revolução de 32, os bônus foram fundamentais para manter a economia paulista funcionando durante o período de guerra, permitindo que as atividades produtivas continuassem mesmo diante do caos. O decreto deixava claro que os bônus seriam temporários, válidos apenas enquanto durasse a situação de exceção, e deveriam ser incinerados assim que fossem resgatados.
Papel produzido em Caieiras
A missão de imprimir as cédulas foi entregue à Companhia Melhoramentos, que já possuía tradição na produção de papel de alta qualidade. Duas toneladas de papel foram fabricadas na unidade de Caieiras e levadas ainda úmidas até a gráfica da empresa localizada no bairro da Lapa, na capital.
A operação foi feita sob escolta militar. A sede da gráfica, que hoje é tombada pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), foi o centro de uma mobilização histórica.
Em apenas cinco dias, a Melhoramentos imprimiu as cédulas nos valores de 5, 10, 20, 50 e 100 mil réis, utilizando tinta rosa sobre fundo amarelo, em um tamanho de 4×2 polegadas. No dia 20 de julho, o dinheiro já estava nas ruas, marcando uma ação logística e gráfica surpreendente para a época.

A corrida contra as falsificações
De acordo com relatos da época, os técnicos do parque gráfico requisitaram um pulôver de lã de uma funcionária, vermelho e verde. Desfiaram-no todo e destroçaram os fiapos. As milhões de partículas teriam sido misturadas à massa do papel, para torná-lo à prova de cópias.
O sucesso da emissão foi tão imediato quanto os problemas: apenas dez dias após a circulação, já surgiam cédulas falsificadas no mercado. Para combater a fraude, técnicos da fábrica de Caieiras foram chamados a atuar diretamente nas ruas da capital.
Com apoio da polícia, montaram pontos de verificação no centro de São Paulo. Os cidadãos levavam seus maços de dinheiro e recebiam um parecer técnico: se o dinheiro fosse considerado falso, era destruído na hora.












Foi muito interessante, conhecer nossa história é sempre gratificante, trabalhei 20 anos na companhia melhoramentos de São Paulo.