Quem foram os caieirenses que participaram da 2ª Guerra Mundial

Caieiras é uma cidade rica em história. Infelizmente, pela falta de atenção e investimento do poder público na preservação do seu passado – e até pelas novas configurações da sociedade caieirense, muitos dos novos moradores desconhecem momentos importantes que marcaram nossa trajetória. Como parte do esforço para resgatar essas memórias, o Caieiras Notícias busca diariamente dar luz a capítulos esquecidos da nossa história.
Nesta quinta-feira, 8 de maio de 2025, completa-se 80 anos da assinatura da rendição da Alemanha nazista. O documento, que formalizou a rendição incondicional das forças armadas alemãs aos Aliados, marcou o fim oficial da Segunda Guerra Mundial na Europa. Aproveitando a data, relembramos os caieirenses que lutaram na guerra.
Os filhos de Caieiras na Segunda Guerra
Segundo o livro “Caieiras: Fatos e Personalidades da Cidade dos Pinheirais”, escrito por Marcílio Dias de Moraes — uma das poucas obras que registram a história da cidade — Caieiras foi representada na Segunda Guerra por seus filhos: Antônio José Nani, Sílvio Pinheiros e padre Aquiles Silvestre.
Em uma pesquisa realizada pelo Caieiras Notícias na lista dos militares da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutaram no conflito, foi possível localizar os nomes de Achiles Silvestre, com o posto de capitão, e Antônio José Nani, como soldado — provavelmente os mesmos mencionados por Marcílio Dias.
Padre Aquiles Silvestre
Padre Aquiles Silvestre chegou a Caieiras na década de 1930 como capelão da Companhia Melhoramentos. Foi uma figura marcante na cidade e, inclusive, dá nome a uma das vias do centro. Segundo Marcílio Dias, em capítulo dedicado a Aquiles, “sua missão religiosa não se limitou à Melhoramentos. Ele estendeu suas atividades a todos os recantos: Vila Crisciúma, Monjolinho, Calcárea, Bom Sucesso, Laranjeiras, Morro Grande, Rio Abaixo e Santa Inês”.

Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1942, padre Aquiles foi convocado para servir como capelão militar da FEB. Desembarcou com as tropas brasileiras na Baía de Nápoles, na Itália, e acompanhou os soldados nas linhas de frente, enfrentando os horrores da guerra. Deu assistência espiritual aos combatentes e ministrou a Extrema Unção aos que tombaram em combate. Muitos desses soldados repousaram por anos no Cemitério de Pistóia, na Itália, até que seus corpos fossem repatriados.
Padre Aquiles retornou ao Brasil em 1945 e permaneceu por um tempo em Caieiras. Com o posto de capitão, passou a atuar como capelão no Quartel do Segundo Exército, em São Paulo, onde foi promovido a major. Mais tarde, com a transferência do quartel para o Parque Ibirapuera, foi nomeado pároco da Freguesia do Ó. Faleceu em meados da década de 1960.
No livro “História Oral do Exército na Segunda Guerra Mundial” produzido pela “Biblioteca do Exército Editora” (Clique para acessar) e possível encontrar uma menção ao Padre Achiles Silvestre: “O Padre Achiles Silvestre era amigo e irmão do Major Capelão Chefe, Padre João Pheeney de Camargo e Silva, o chefe do Serviço Religioso da FEB. Tempos depois, o Padre Pheeney foi promovido a Tenente-Coronel Capelão e precisava de um Major Capelão para ser seu subchefe. Foi buscar no meu Pelotão o Capitão Achiles, que não cedeu aos insistentes apelos do amigo e disse que preferia ser rebaixado a Tenente, a sair do Pelotão. Ele queria ficar no Pelotão, não sairia, só sairia morto. Ganhamos um amigo e um apoio religioso para os homens de todo o III Batalhão.”
Uma página sombria: Mengele em Caieiras
Caieiras também guarda um capítulo sombrio relacionado à Segunda Guerra Mundial: o abrigo ao médico nazista mais procurado do mundo, Josef Mengele. Clique aqui e confira materia especial do Caieiras Notícias sobre essa história.