Neste mês de março, está acontecendo um dos maiores festivais de inovação e criatividade do mundo: o South by Southwest (SXSW). Nesta edição de 2025, o evento ocorre em Austin, Texas (EUA), com o Brasil figurando, pelo segundo ano consecutivo, entre as maiores delegações internacionais. Esse é o cenário onde inúmeras empresas e pessoas discutem e debatem as principais tendências do mercado em inovação e criatividade. Além disso, destacam-se cases de empresas que estão mandando muito bem lá fora e aqui no Brasil colhendo frutos e deixando um legado significativo para o mundo.
A inteligência artificial já é o presente
É impossível falar de inovação e SXSW sem lembrar do tema mais discutido nos últimos anos: inteligência artificial. A I.A. não é mais o futuro, e sim o presente. Querendo ou não, você já a utiliza diariamente seja ao acessar um aplicativo de rede social, pedir um lanche pelo celular ou até ao fazer uma simples pesquisa na internet.
Com o lançamento do ChatGPT e outras inteligências artificiais generativas, capazes de criar textos, poesias, roteiros, estratégias e até imagens, surgiu também um grande receio: o desaparecimento de empregos. Afinal, essas I.A.s conseguem realizar, em minutos (ou até segundos), tarefas que um ser humano levaria horas ou dias para concluir. Mas, até agora, isso não aconteceu. E provavelmente não acontecerá da forma que o senso comum imagina.
A tecnologia substitui ou transforma empregos?
O verdadeiro problema não é a I.A. eliminar empregos. Se esse fosse o caso, toda tecnologia já criada teria acabado com postos de trabalho. Mas o que a história nos mostra é o contrário: para cada inovação, surgem novas profissões. Com a inteligência artificial, não será diferente.
Sim, algumas funções podem ser impactadas, mas novas oportunidades já estão surgindo. Profissões como especialista em engenharia de prompts, auditor de algoritmos, treinadores de I.A., curadores de conteúdo gerado por inteligência artificial e desenvolvedores de ética em I.A. são apenas alguns exemplos. Assim como no passado surgiram programadores com a popularização da computação, agora estamos vendo novas carreiras sendo criadas para atuar lado a lado com a inteligência artificial.
O verdadeiro impacto da I.A.: a solidão
Durante uma palestra na SXSW, o professor Scott Galloway trouxe uma reflexão impactante: “O maior impacto da inteligência artificial no ser humano será a solidão.
“Isso é alarmante. As buscas no Google por expressões como “Me sinto sozinho”, “Onde encontrar pessoas” e “Como fazer amigos” quadruplicaram nos últimos anos.
Esse não é um cenário futurista. Já está acontecendo. As pessoas—especialmente os mais jovens—estão cada vez mais conectadas ao digital e distantes do mundo real. Com as I.A.s generativas, esses jovens mantêm diálogos e interações com máquinas, usando-as para tirar dúvidas, desabafar e até como “amigos” virtuais. De tempos em tempos, surgem notícias de pessoas que afirmam estar “namorando uma inteligência artificial” – o que pode parecer absurdo, mas reflete a nova dinâmica de relacionamentos no mundo atual.
O que realmente importa?
Gostando ou não, esse é o mundo em que vivemos. E precisamos aprender a lidar com isso. Se você é pai, empregador ou educador, sua maior preocupação com a I.A. não deveria ser apenas sobre os empregos que ela pode substituir, mas sobre a solidão que ela pode causar.
O ser humano precisa de conexões tanto quanto um peixe precisa da água. Para termos uma saúde mental equilibrada, precisamos pautar nossa existência em relacionamentos reais, com pessoas reais. A inteligência artificial deve ser nossa aliada para otimizar tarefas e trabalhos, permitindo que tenhamos mais tempo de qualidade para nos dedicarmos a atividades que exigem um olhar crítico e sensível – algo que só o ser humano tem.
No fim das contas, a questão não é como evitar a I.A., mas como usá-la de forma inteligente para que possamos viver melhor. Afinal, tempo livre sem conexão humana não é liberdade: é solidão.










